Na degustação de vinhos, cada experiência é única. Ao se deparar com duas garrafas da mesma casta, duas Merlots, por exemplo, um principiante provavelmente pensará se tratar de vinhos parecidos, praticamente iguais. Mas os apaixonados pelo néctar dos deuses sabem que não. Cada vinho nos conta um pouco da sua história, a começar pelo terroir onde foi produzido.
Fato é que as práticas de vinificação e o clima regional podem influenciar muito no caráter da bebida. Sendo assim, hoje descobriremos juntos as diferenças entre os diversos fatores que diferenciam os vinhos do Velho e do Novo Mundo.

VELHO MUNDO
É praticamente o berço do vinho, onde se originou a vinificação com a nossa querida Vitis Vinífera, única espécie de uva capacitada para a elaboração de vinhos finos de qualidade.
Por exemplo, França, Itália, Espanha, Portugal, Grécia e Alemanha são países do Velho Mundo, que produzem vinho há milhares de anos. Ainda fazem parte desse universo a Turquia, Geórgia, Armênia e Moldova, que também possuem grandes vinícolas.
NOVO MUNDO
Nesses países, as mudas de Vitis Vinífera, bem como as técnicas de vinificação, foram importadas do Velho Mundo durante a era colonial. Então, os exploradores invadiram essas regiões e levaram um pouco de sua cultura. Como sabemos, nem tudo valeu a pena, com exceção do néctar de Baco, que passou a ser produzido por aqui para a nossa alegria.
Por exemplo, os EUA, Austrália, África do Sul, Chile, Brasil, Argentina e Nova Zelândia são regiões pertencentes ao Novo Mundo. Ainda com base nessa definição, China, India e Japão também fazem parte deste grupo.
VINHOS DO NOVO E VELHO MUNDO POSSUEM SABORES DIFERENTES?
Com base no que mencionamos no início do artigo, a resposta é SIM, há muitas distinções entre os fermentados dessas duas áreas do globo, visto que os sabores do produto final dependem das práticas de vinificação (tradição), bem como do efeito que o solo e o clima exercem sobre as vinhas (o terroir).
Vinhos do Velho Mundo são frequentemente descritos como leves e de menor teor alcoólico. Ainda apresentam maior acidez e notas menos frutadas.
Por outro lado, os Vinhos do Novo Mundo são mais maduros, frutados, com menor acidez e teor alcoólico mais elevado.
Apesar das diferenças mais comuns entre fermentados do Velho e do Novo Mundo, existe uma série de exceções às regras. Afinal, vinho não é uma ciência exata. Possui alma e identidade. Sem falar que cada região possui suas próprias regras e práticas enológicas que vão determinar o estilo da bebida.
EXEMPLO: MERLOT VELHO MUNDO X MERLOT NOVO MUNDO
Rombauer Merlot 2008 (Napa Valley, EUA) – Novo Mundo
“Versão elegante, com notas de groselha e ervas florais, além da atraente cereja, bem como caramelo e especiarias. Para beber imediatamente ou até 2017.”
(Wine Spectator)
Chateau Siaurac 2009 (Bordeaux, França) – Velho Mundo
“Notas atrativas de trufas, grafite e ameixa, misturadas a café mocha e cascata de cerejas negras, sendo perceptíveis na taça. Robusto e fresco. Há uma ótima pureza de caráter em geral para este vinho, que pode ser bebido ao longo da próxima década”
(Robert Parker)
Notaram a diferença entre as duas análises? Uma foi realizada por uma das mais conceituadas revistas do mundo do vinho, ao passo que a outra é de autoria do renomado crítico Robert Parker. Ou seja, há muitos fatores que podem diferenciar no resultado de dois vinhos elaborados com a mesma casta de uvas, entre eles destacamos o terroir e a passagem por madeira, além do tempo de armazenagem.
Que tal fazer esse tipo de comparação em uma roda de degustação com amigos enófilos? Aposto que vocês desvendarão muitos segredos.
Boas experiências e Ótimos vinhos!
Referência Bibliográfica: Wine Folly