Está aí uma das minhas castas favoritas. Seus vinhos costumam ser cálidos e ao mesmo tempo potentes, envolventes, deliciosos! Possuem coloração rubi bastante profunda, com reflexos violáceos, aromas de frutas vermelhas, terra, umidade, especiarias e notas vegetais.
Os taninos são mais amigáveis e suaves que os de uma Cabernet Sauvignon, por exemplo. Costumo dizer que é um vinho que desce fácil, ótimo para embalar um bate-papo com amigos. De corpo-médio, é indicado para ser degustado ainda jovem, quando apresenta, em sua maioria, retrogosto persistente e sabor de framboesa madura e beterraba doce.
HISTÓRIA
No século XIX, a Carménère era amplamente cultivada na região francesa de Bordeaux, mais precisamente na localidade de Médoc. Na década de 1860, suas vinhas foram dizimadas pela praga filoxera e durante muitos anos acreditou-se que a mesma tivesse sido extinta em toda a Europa.
E quando todos pensavam que a Carménère tivesse evaporado da face da terra, eis que a mesma foi redescoberta em 1994, no Chile, pelo ampelógrafo francês Jean -Michel Boursiquot. Na verdade, a casta foi levada para os andes como se fosse Merlot. Boursiquot já estava intrigado, pois as mesmas demoravam muito a maturar. Até que resultados de estudos atestaram se tratar da antiga variedade de Bordeaux Carménère, que estava misturada a videiras de Merlot.
Dizem as más línguas que mesmo após a revitalização dos vinhedos, os produtores franceses preferiram investir em cepas mais rentáveis e resistentes, como a Merlot e a Cabernet Sauvignon. E, ultimamente, tenho visto muita gente numa onda de amar ou odiar a Carmenére, sem um meio-termo. Alguns amigos não passam nem perto, já outros, adoram e sempre chegam aqui em casa com uma garrafinha. Confesso que não existe cepa que me desagrade (sério, sou do tipo que bebe de tudo um pouco).
UVA-ÍCONE DO CHILE
E não é que a cepa acabou sendo considerada uva-ícone do Chile? Tanto que 98% de todos os Vinhos Carménère consumidos no mundo são provenientes do país sul-americano.
A Carménère encontrou sua casa no Vale do Colchagua, no Chile, onde seu cultivo é predominante. Devido à fragilidade da cepa, esta se adaptou perfeitamente à região, graças ao ótimo terroir, mas sobretudo ao isolamento físico e geográfico criado por barreiras naturais, como o Oceano Pacífico, o Deserto do Atacama e a Cordilheira dos Andes, bem como as águas frias do Pólo Sul, que protege essa região de pragas.
HARMONIZAÇÃO
Vinhos Carménère casam muito bem com pratos à base de carnes vermelhas e assados em geral. Sua versatilidade faz com a mesma acompanhe bem até mesmo uma feijoada completa. No entanto, não é indicada a combinação com receitas que levem molho de tomate, por exemplo. Acredito que isso se deva à acidez do mesmo. Mas, sem dúvida, a melhor combinação é com as iguarias da culinária árabe (confira as dicas aqui).
Não fosse esse calor insuportável que anda fazendo aqui no Rio, certamente investiria num Carmenére. Mas o La Niña tá aí, né? Quem sabe num tempinho ameno no fim de semana? Por enquanto, vou mesmo de espumante e vinho branco.
E você? Tem um rótulo de Carmenére favorito? Conta para mim!
Boa semana e Ótimos Vinhos!
Uva capaz de produzir vinhos excepcionais! Seja um varietal ou corte, a Carmenere é realmente 🔝🔝🔝. A semelhança característica com a Merlot (uva fundamental no
corte de Bordeaux) já demonstra o seu valor, comprovado por muitos anos.
Sabrina Parabéns pelo artigo. Esse e todos os outros são bem legais…
👏👏👏
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Muito obrigada, Marcelo! Que bom que o inusitado aconteceu e a Carménère não foi extinta. Hoje podemos apreciá-la. Volte sempre. Abraço e Bons vinhos!
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