Sem dúvida, a Pinot Noir é uma das minhas castas preferidas. Sempre digo que alguns momentos pedem um bom Pinot. Sexta à noite, relaxando após uma semana estressante, ou em plena quinta-feira fria, enquanto pinto um dos meus quadros. É o tipo do vinho que estimula a minha criatividade.
A gente sempre acha que sabe bastante sobre uma casta, principalmente se temos o hábito de ler sobre vinhos. Você deve ter pensando. Pinot Noir… de origem francesa, frutada, geralmente leve e deliciosa, está na moda e, dependendo, seus vinhos podem ser absurdamente caros, principalmente se forem da Borgonha.
Pois bem, que tal ampliar seus conhecimentos? Vila Vinífera pesquisou a fundo e descobriu os segredos desta uva tão nobre. Bora lá!
1 ) PINOT NOIR = PINHEIRO NEGRO
Os viticultores antigos costumavam nomear as castas de forma bem simples. Por isso, Pinot, em francês, quer dizer Pinheiro. Noir, por sua vez, significa Preto. Ou seja, trata-se de uma uva de coloração negra, cujo cacho possui o formato da árvore pinheiro.
2) OS MONGES E OS ROMANOS FORAM OS PRIMEIROS AMANTES DA PINOT NOIR
Acredita-se que a Pinot Noir seja uma das cepas mais antigas que sobrevivem até hoje, sendo que sua existência fora detectada na França desde a era romana. A partir do século I D.C, os romanos ocuparam a maior parte dos países da Europa, levando com eles o gosto por vinhos, inclusive aqueles produzidos com a Pinot Noir.
Quando os governos europeus se tornaram católicos, durante a Idade Média, a produção de vinhos passou a ser controlada sobretudo pela igreja. Na Borgonha, os monges passaram a fabricar o fermentado que seria usado em seus sacramentos, tornando-se os principais produtores ao longo de séculos. Buscando por uvas que estivessem à altura de suas celebrações, os religiosos elegeram a Pinot Noir como a casta mais nobre, desbancando, inclusive, a Gamay, que sempre fora muito popular na região.
3) PINOT NOIR = TERROIR
A Pinot Noir é a tradução mais pura de seu terroir. Tanto isso é verdade, que o solo, o clima e a topografia de diferentes regiões, onde esta cepa é cultivada, podem resultar em vinhos totalmente singulares. Talvez isso se dê por se tratar de uma espécie antiga e muito primitiva. A Cabernet Sauvignon, por exemplo, não consegue demonstrar tamanha variedade. Devido à obsessão dos monges por vinhos de qualidade e por se tratar de uma uva tão sensível, eles mapearam a variação do solo em muitas de suas vinhas.
Logo, foram os religiosos que identificaram os locais mais apropriados para o cultivo da Pinot Noir, criando os conceitos de Premier Cru e Gran Cru.
4) PINOT NOIR DEMORA MUITO A CRESCER
Pelo fato de seus cachos terem um formato bem compacto (assim como um pinheiro, lembram?), fungos, entre outros responsáveis pelo apodrecimento, encontram entre as uvas um ambiente úmido e ideal para se proliferarem. É uma casta sensível e muito suscetível a doenças. Sua casca muito fina não consegue protegê-las contra as pragas, o calor e o ressecamento . Por isso, esta possui baixo teor de taninos, ou seja, uma proteção natural contra pragas e a radiação UV.
5) PINOT NOIR ADORA UM FRIOZINHO
Você deve ter notado que países de clima mais quente, como Espanha, Argentina e África do Sul não são famosos pela produção de vinhos à base de Pinot Noir. Há uma boa razão para isso: a Pinot Noir gosta de climas frios. Em regiões quentes, seus sabores sutis acabam “cozinhando” dentro da fina pele de suas cascas.
Borgonha e Champagne são algumas das mais frias regiões vinícolas francesas. Portanto, é aí que a Pinot Noir encontra seu habitat natural. Outros terrois europeus com tradição na produção da casta são a Alemanha (onde é chamada de Spätburgunder), a Suíça e os Alpes do Norte da Itália (Pinot Nero). Em regiões mais quentes do Novo Mundo, os produtores tiveram que encontrar melhores condições para o cultivo, com arrefecimento e influências das correntes mais frias. Como exemplo, podemos citar Carneros e Russian River Valley, na Califórnia, Valle de Casablanca, no Chile, e Walker Bay, na África do Sul. Por se tratar de um país com condições climáticas ideais, a Nova Zelândia também vem se destacando muito na produção de Pinot Noir.
6) UMA FAMÍLIA DE MUTANTES
A Pinot é muito mais que uma variedade de uvas. Trata-se da chefe da gangue, formada por uma enorme família de Pinots..rs. Por ser uma casta suscetível a mutações, todas podem sofrer modificações em sua cor, taninos e sabor. Cada identidade genética selecionada a partir de suas características é chamada de clone. Mais de 50 clones de Pinot Noir são reconhecidos na França, contra apenas 25 de Cabernet Sauvignon, embora esta última seja a cepa mais plantada no país e no mundo.
A mutação da Pinot Noir deu origem a uma gama de outras uvas, com diversas cores e sabores, incluindo a Pinot Gris (de casca cinza e ligeiramente rosada), Pinot Blanc (branca) ou Pinot Meunier.
7) ONDE A PINOT NOIR CRESCE NO MUNDO?
Os 10 Maiores Países Produtores de Vinho Pinot Noir e Áreas Plantadas
- França: 29,738 hectares (73,451 acres)
- Estados Unidos: 16,776 hectares (41,437 acres)
- Alemanha: 11,300 hectares (27,911 acres)
- Moldova: 6,521 hectares (16,106 acres)
- Itália: 5,046 hectares (12,462 acres)
- Nova Zelândia: 4776 hectares (11,796 acres)
- Austrália: 4,690 hectares (11,584 acres)
- Suíça: 4,402 hectares (10,873 acres)
- Chile: 2,884 hectares (7,123 acres)
- Argentina: 1,802 hectares (4,449 acres)
Espero que tenham gostado de saber um pouco mais sobre esta uva tão amada! Agora, nesse frio, combina muito com lareira e uma ótima companhia. Com direito a muitos “causos” e curiosidades sobre a Pinot Noir.
Bons Vinhos e Tim-Tim!
[…] DE PINOT NOIR (CALIFÓRNIA, […]
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[…] que a região francesa da Borgonha produz alguns dos melhores vinhos da casta Pinot Noir em todo mundo, incluindo, aí, alguns rótulos icônicos. Sem dúvida, é um dos meus estilos de […]
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