Volta e meia vejo comentários de pessoas convictas de que preferem os rótulos tintos aos brancos. Questão de gosto e paladar. São esses que ficam desanimados quando o sol brilha mais forte. Nessa hora, “red lovers” se entristecem por não poder degustar seu Cabernet Sauvignon ou Malbec favorito. Afinal, em meio a um calor de 40ºC fica difícil mesmo. Sem falar que ultimamente vemos uma oscilação climática muito grande. É a transição do fenômeno El Niño para o La Niña. O primeiro deixa os dias mais quentes, enquanto o segundo, mais frios.
Nessa, cansei de aguardar a frente fria para desfrutar daquele tinto mais encorpado e, de repente, faz calor, muito calor… Mas eu adoro brancos geladinhos. E quem não curte? Para essas pessoas, a coisa complica. Os brancos são sempre aguados demais, excessivamente ácidos e não descem agradáveis… Mas sabe de uma coisa, amigo? Provavelmente você experimentou os rótulos errados….. Até agora!
A TRANSIÇÃO DOS TINTOS PARA OS BRANCOS
Os brancos mais indicados para os amantes de tintos são aqueles com mais corpo e menor acidez. Assim, creio que a adaptação ocorrerá sem traumas e de forma muito mais prazerosa. Um toque de carvalho ou envelhecimento saudável também são bem-vindos nesse caso, uma vez que essas técnicas são bastante utilizadas na produção dos vinhos tintos. E, para tornar essa transição mais fácil, hoje trouxemos um guia de vinhos brancos para apreciadores convictos de tintos. Prepare-se, pois há o risco de você se apaixonar, tornando-se para sempre um amante dos rótulos brancos.
SE VOCÊ ADORA PINOT NOIR, VÁ DE CHARDONNAY
Geralmente, essas duas castas andam juntas. Afinal, ambas são cultivadas nas mesmas regiões, compartilhando o terroir, ao mesmo tempo em que possuem uma grande variedade de estilos. Portanto, se você é fã de um Pinot Noir mais leve e cheio de frescor, procure optar pelo Chardonnay da Borgonha, mais cítricos e minerais. Agora, se você prefere um Pinot mais redondo e frutado, experimente um Chardonnay da Califórnia. São amanteigados e perfumados com um toque de baunilha, oriundo do seu armazenamento em carvalho novo, ou seja, possui diversas nuances com as quais os amantes dos vinhos tintos estão acostumados.
SE VOCÊ ADORA CABERNET SAUVIGNON OU MERLOT, VÁ DE SAUVIGNON BLANC CALIFORNIANO
Apesar de serem castas diferentes, tanto a Cabernet Sauvignon quanto a Merlot têm origem no terroir francês de Bordeaux. Portanto, compartilham algumas semelhanças entre si. Seus vinhos tendem a ser encorpados e profundamente frutados, muitas vezes com passagem por madeira. Além disso, essas cepas também têm muito em comum com uma uva branca, também de Bordeaux: a Sauvignon Blanc. Enquanto suas versões cítricas, provenientes de Sancerre ou da Nova Zelândia, são extremamente leves e, por isso, não agradam os amantes dos tintos, o Sauvignon Blanc da Califórnia possui mais presença. Logo, este último, sim, seria uma ótima opção para um “red lover”.
SE VOCÊ ADORA TINTOS ITALIANOS, VÁ DE SAVENNIÈRES
De Brunello de Montalcino a Barolo e Chianti, uma coisa é certa: os tintos italianos possuem corpo, estrutura tânica e acidez equilibrada. Portanto, aqui a sugestão é viajar para o Vale do Loire, na França, a fim de conhecer um Chenin Blanc único, denominado Savennières. Para produzi-lo, as uvas maduras são colhidas mais tarde e fermentadas em um estilo seco, resultando em vinhos complexos e encorpados, que detém as características de acidez do Chenin Blanc. Os sabores do Savennières costumam, ainda, evoluir com o tempo, nesse caso, com frutas amarelas, feno, mel e a mineralidade do tabaco.
SE VOCÊ ADORA UM RIOJA, VÁ DE BRANCOS DO RHÔNE OU VIOGNIER DO NOVO MUNDO
O Rioja, com suas notas características de coco e frutas vermelhas maduras, é extremamente aromático e complexo. Com certeza, na Rioja também se produz vinhos brancos. Mas, por que não tentar algo de um país totalmente novo? Os brancos da região francesa do Rhône, geralmente feitos a partir de uvas Viognier, Marsanne, Roussanne e Grenache Blanc, tendem a ser encorpados e bastante aromáticos, com notas de frutas maduras, especiarias, ervas e flores. Os amantes do tinto Rioja também têm tudo para amar as versões de Viognier do Novo Mundo, que além de tudo, ainda possuem passagem por carvalho.
SE VOCÊ ADORA MALBEC, VÁ DE BRANCO PORTUGUÊS
Ah, o Malbec. Queridinho da Argentina. Frutado, encorpado e fácil de beber, está entre a preferência de muitos “red lovers”, muitas vezes seduzidos pela combinação harmônica de frutas e graduação alcoólica na medida. Para esses amantes do tinto, uma boa sugestão são os aconchegantes brancos de Portugal, mais precisamente das regiões do Dão e Alentejo. O sol quente do verão português amadurece as uvas completamente, resultando em brancos de grande presença e frescor.
E aí? Preparado para a missão de descobrir novos sabores? Aposto que você vai quebrar paradigmas e surpreender seu paladar. Fique ligado, pois outras dicas virão.
Boa quinta e tim-tim!