Vinhos Finos Doces, Sem Preconceitos

Há alguns meses ando flertando com os chamados Vinhos Finos de Sobremesa, ou seja, aqueles exemplares doces (ou meio-doces), que geralmente acompanham tortas, mousses, entre outras delícias temperadas com açúcar. Mas, confesso para vocês que eu tinha um certo preconceito com esse tipo de vinho. Porém, quando se degusta um bom Porto ou Colheita Tardia (Late Harvest) algumas ideias pré-concebidas caem por terra facilmente.

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DOCES EXPERIÊNCIAS

Aliás, sempre fui uma formiguinha, mas nunca para vinhos. Quando viajei para Portugal no ano passado, quis visitar as Caves de Vinho do Porto e me encantei totalmente por aqueles fortificados de alto teor alcoólico.

Ao chegar em casa, fiz várias experiências enogastronômicas com eles. Com doce de leite argentino, o Porto Tawny só me deu alegrias! A partir daí, me deu vontade de conhecer outros rótulos. Atualmente, graças à ABS-RJ, estou in love pelos exemplares de Colheita Tardia (ou Late Harvest). Que tal conhecer esses vinhos um pouco mais?

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VINHOS FINOS DE SOBREMESA

Quase todos os vinhos finos de sobremesa são produzidos com uvas brancas, geralmente aromáticas: Gewurztraminer, Moscatel, Muscadelle, Malvasia, a Sémillon em Bordeaux, Furmint na Hungria, Riesling na Alemanha e a Chardonnay no Novo Mundo.

  1. Colheita tardia ou Late Harvest: o nome já diz tudo. Esse tipo de vinho é elaborado com uvas que foram colhidas além do período normal de vindima, o que ocasiona uma desidratação da fruta e uma alta concentração de açúcar. O mosto obtido dessas uvas é quase como um mel e o volume, muito menor. No momento em que é produzido, utiliza-se uma técnica que interrompe a fermentação pela adição de anidrido sulfuroso a esse suco superconcentrado, preservando sua doçura e evitando que o açúcar seja transformado totalmente em álcool. Trata-se de um processo importado da Alemanha, onde se produz os vinhos Spätlese e Auslese, e que hoje em dia é adotado por diversos outros países, incluindo os do Novo Mundo. vinhos-doces-licorosos
  2. Sauternes: é uma região ao sul de Bordeaux e famosa por seus vinhos de sobremesa. Produzidos a partir das uvas Semillón e Sauvignon Blanc, os vinhos de Sauternes são vinhos de colheita tardia dos chamados Botritizados. Devido ao clima úmido da região, o fungo Botrytis Cinerea (Podridão Nobre) ataca as uvas de uma forma benéfica, ao passo que causa uma desidratação capaz de aumentar a concentração de açúcar nas uvas. Os vinhos produzidos por esse processo estão entre os mais saborosos e longevos (podem durar uns 100 anos) do mundo. Além disso, costumam ser caríssimos.  4041482337_3416761c8f
  3. Tokaji: o vinho húngaro mais conhecido (pronuncia-se Tokay). Produzido na região de mesmo nome, este vinho esbanja complexidade, longevidade e riqueza gustativa. Há registros de sua existência desde 1650. Nesse caso, a Botrytis (localmente chamada de Aszú), ataca as uvas Furmint e Hárslevelü, dando origem a um mosto bem espesso, que escorre em pequenos barris chamados puttonyos. Para produzir diferentes tipos, adicionam-se de 1 a 6 puttonyos a cada 140 litros de vinho. Os fermentados resultantes levam no rótulo a indicação do número de puttonyos utilizado, crescendo em teor de açúcar, complexidade e longevidade conforme a concentração. O Tokaj Aszú Essencia é o tipo mais valorizado de todos. Antes de serem engarrafados, os Tokaji amadurecem em barris por um período de 4 a 8 anos. 1498142109_04920f716d

MUITO ALÉM DA SOBREMESA

Muita gente opta apenas por servir os vinhos doces como acompanhamento para sobremesas. Porém, devido aos meus estudos, aprendi a ir um pouquinho além. Vinho do Porto e os de Colheita Tardia, por exemplo, ficam divinos ao lado dos chamados Queijos Azuis, como Roquefort e Gorgonzola. Outra parceria que me agrada muito é a de Vinhos Botritizados e Foie Gras. Vale adaptar esta última com um Late Harvest também. Aliás, um nacional que me agradou demais por não ser tão doce, é o Aurora Colheita Tardia. Sem falar que o custo-benefício dele é maravilhoso, visto que se apresenta na faixa dos R$20.

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Então? Prontos para quebrar paradigmas? A cada dia me surpreendo com tantas descobertas que os vinhos finos me proporcionam. Para sentir cada uma dessas gotinhas de felicidade, é fácil. Basta abrir a mente e se desfazer de alguns preconceitos.

Bom domingo! Bons Vinhos! Tim-Tim!

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