Vivendo e Aprendendo: Como Receber com Queijos e Vinhos

Vocês se lembram que ontem eu estava superansiosa pelo curso de Queijos e Vinhos na ABS-RJ? Então, hoje vou contar tudo, tim-tim por tim-tim.

Para começar, sempre fui apaixonada por queijos. Imaginem que quando amamentava minha filha, tive que ficar mais de um ano em dieta de restrição de leite de vaca, porque ela era alérgica (hoje em dia não é mais). Sabia que era só uma fase mas, nesse tempo, acabei tendo que deixar meus queijinhos um pouco de lado.

E o tal “queijo” vegano de mandioca definitivamente não me convencia. Ainda bem que já passou e hoje posso escrever sobre o assunto com naturalidade..rsrs.. 

cabra_sauvignon blanc
Sauvignon Blanc com Queijo Sainte-Maure, pão e pêras 

O curso “Como Receber com Queijos & Vinhos” é dividido em dois encontros (o próximo será na semana que vem) e foi ministrado pelo Consultor de Vinhos Célio Alzer, professor bastante requisitado na ABS-RJ.

QUEIJO DE CABRA E SAUVIGNON BLANC

Começamos pelo “Queijo de Cabra”. Confesso que fiquei apreensiva, pois não é o meu predileto, visto que todos os que provei até ontem tinham aquele cheiro característico do animal, que nunca curti muito. Mas, desta vez, me surpreendi muito positivamente.

Nos foi servido um Sainte-Maure, que apesar da origem francesa, é fabricado no Brasil (tipo Sainte-Maure), na Fazenda Geneve (Estrada Teresópolis-Friburgo). O queijo tem o formato que lembra um salame. Para ventilar a massa, há uma espécie de palha no centro. Assim como outros exemplares, esse é envolto com cinzas que o protegem de fungos nocivos.

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O Sainte-Maure chegou acompanhado por pão e pêras. Segundo o professor, a fruta auxilia a limpar a boca antes da próxima degustação. Simplesmente amei a combinação do queijo com a pêra. Para ficar ainda mais perfeito, acompanhamos essa iguaria com um ótimo Sauvignon Blanc da África do Sul. É o vinho ideal para queijo de cabra fresco, não importa o estilo.

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Sauvignon Blanc Niel Joubert. Muito aromático, notas de abacaxi e maracujá. Seco e fresco, ficou perfeito com o Sainte-Maure
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Contra-rótulo que só indica o “essencial”. Dados sobre o importador, país de origem, tudo bem básico e pobre. Uma pena, pois o vinho é ótimo!

QUEIJO DA SERRA DA CANASTRA COM CHARDONNAY BARRICADO 

Em seguida, degustamos um queijo mineiro, da Serra da Canastra. Esse era do tipo curado, de sabor bem marcante. Gostei muito! Harmonizamos com o Miolo Reserva Chardonnay, produzido na Campanha Gaúcha. O queijo foi servido com maçãs e geleia de mirtillo, que não comprometeram o sabor do vinho. Combinação provada e aprovada!

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Informações sobre o Queijo da Canastra
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Harmonizou muito bem com o Chardonnay barricado, que tinha aquele amanteigado típico desses exemplares. 
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O contra-rótulo da Miolo já é um pouco melhor se comparado aos demais. No entanto, senti falta de dicas de harmonização e temperatura de serviço. Pelo menos, nesse caso indicaram a região e o fato de que o vinho ficou armazenado em barricas de carvalho.

QUEIJO REBLOCHON COM GAMAY

O Reblochon é um outro queijo de origem francesa, que tem uma história um pouco curiosa. No dialeto local, reblocher significa ordenhar a vaca outra vez. Na Idade Média, os agricultores eram tributados sobre a quantidade de leite produzida por seus rebanhos.

Para pagar menos impostos, os tratadores não retiravam todo o leite até medição realizada pelo proprietário da terra. Depois, o leite enriquecido que sobrava no úbere era retirado e utilizado para a produção do Reblochon, um queijo carnudo, delicioso e com um aroma inconfundível. Um dos queijos mais apreciados em toda a França.

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O que nós experimentamos foi fabricado no Brasil (portanto, tipo Reblochon), pela queijaria Serra das Antas. Muito saboroso, harmonizou perfeitamente com o tinto de uva Gamay. O vinho tinha um retrogosto meio-amargo, que não comprometeu em nada o resultado final.

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Eis o Gamay, francês, de Côte du Py. Retrogosto amarguinho, mas ficou ótimo com o Reblochon. 
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Como sempre, a Decanter peca no contrá-rótulo. Poderiam inserir mais informações. Não é o primeiro da importadora que encontro desta forma. 

QUEIJO GOUDA COM PRIMITIVO SALENTO

O queijo Gouda é de origem holandesa, sendo o mais produzido deste país. Conhecido na Europa desde o século XII, se tornou famoso e hoje é fabricado no mundo todo. Seu nome é em homenagem à cidade onde foi criado.

Ele é feito com leite de vaca integral e pode ser maturado por 4 meses e até 3 anos. Quanto mais envelhecido mais intenso seu sabor e mais dura e seca sua massa. Experimentamos o Prima Donna ( holandês), que pode ser encontrado facilmente à venda no Brasil.

Para harmonizá-lo, um  Primitivo, da região de Salento. Trata-se de uma uva italiana semelhante à Zinfandel. Um vinho primoroso, leve, com aromas de frutas maduras. Como adoro o Gouda, para mim, foi uma das melhores combinações da noite.

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Queijo Gouda e Primitivo Salento. Bela dupla!
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Ótimo vinho, de uva primitivo.
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Mais um contra-rótulo pobre, que deixa a desejar. Ah, essas importadoras…

QUEIJO DA SERRA DA ESTRELA COM PORTO TAWNY

Por fim, mais uma combinação clássica portuguesa: queijo da Serra da Estrela com Vinho do Porto. No caso, nos foi servido um Tawny, o Warre’s Porto. Porém, essa harmonização pode ser feita com qualquer outro exemplar de Porto, independente do estilo.

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O Queijo da Serra da Estrela é português, elaborado com leite de ovelhas da raça “Churra Mondegueira”, que são consideradas como as de melhor aptidão leiteira. É um queijo curado, com pasta semimole, amanteigada de cor branca. Ano passado, quando estive em Lisboa, compramos uma peça. Com torradas de pão de azeite, ficou excepcional! 

queijo da serra
Olha só o Queijo da Serra que compramos em Lisboa: Maravilhoso!

Amigos, confesso que não consegui fotografar a combinação, tamanho foi o reboliço no final da aula. O que importa mesmo é que o adocicado e teor alcoólico do Porto formaram um par muito saboroso com o queijo.

Na próxima semana tem mais e com certeza conto tudo para vocês!

Bons Queijos & Vinhos! Tim-Tim!

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