Está aí algo que bem antes de ser apreciadora de vinhos eu já me perguntava. Então, eu já sabia que o material das rolhas era natural e extraído da natureza. Mas, como eram feitas? Curiosa do jeito que sou, fui logo enveredar-me pelos sites de busca, a fim de solucionar minha dúvida.
E descobri que a cortiça vem de uma árvore linda, chamada Sobreiro, muito comum em Portugal. Realmente, quando estive na terra de Camões, em 2015, vi muitos deles ao longo de toda a rodovia, grande parte com as cascas de seus troncos cortadas. Mas, como isso é feito mesmo? Bora descobrir!
O SOBREIRO
O sobreiro, sobro, sobreira ou chaparro (Quercus suber) é uma árvore da família do carvalho, cultivada no sul da Europa e a partir da qual se extrai a cortiça. O sobreiro é, juntamente com o pinheiro-bravo, uma das espécies de árvores mais predominante em Portugal, sendo mais comum no litoral do Alentejo e serras do Algarve.
O sobreiro também fazia parte da vegetação natural da Península Ibérica, sendo espontâneo em muitos locais de Portugal e Espanha, onde constituía, antes da ação do homem, frondosas florestas em associação com outras espécies, nomeadamente do gênero Quercus.
ROLHAS E CORTIÇA
Pois é, amigos, apesar dessas árvores serem numerosas na Europa, a demanda da indústria vinícola é tão grande que não se satisfaz com a oferta da matéria-prima. Afinal, uma vez atingida a idade adulta, a árvore produtora de cortiça só pode ser “colhida” a cada 9 anos (o processo é manual e retira apenas a casca, não causando qualquer tipo de dano à planta). Vale lembrar, ainda, que as cortiças de melhor qualidade são desenvolvidas após 25 anos. Ou seja, trata-se de um produto natural seletivo e, ao mesmo tempo, caro para as empresas.
De fato, os sobreiros começam a produzir depois de 15/20 anos, mas a primeira cortiça (chamada de cortiça macho) que vem retirada é de péssima qualidade: ela volta a crescer depois de 9/12 anos, chegando a 5 cm de espessura, sem as irregularidades e defeitos do primeiro ciclo. Nesta altura a cortiça fêmea está pronta para ser cortada.
PRODUTO CARO
As melhores rolhas, de 4/5 cm de comprimento e sem defeitos custam na Europa mais que umas garrafas de vinho barato, mas garantem duração medível em décadas. Para todas as outras o destino está decidido: após 10 anos, a rolha se estraga, com tendência a se esfarelar com o uso do saca-rolha ou, então, tem poros demais e, conseqüentemente, pouca resistência ao oxigênio.
PROCESSO DE PRODUÇÃO
E, agora, prontos para matar a curiosidade? Então, vamos explicar com o máximo de detalhes possíveis como as nossas queridinhas são fabricadas. Atenção às legendas!

Vale lembrar que Portugal produz 60% de toda a produção mundial, seguido por Espanha e Itália. Pequenas parcelas procedem de Marrocos, Argélia e Tunísia.
Fiquei muito feliz em escrever esse post, pois quando a gente realmente aprecia algo, sente sim, curiosidade de saber como tudo é feito. Sendo assim, ao desarrolhar uma garrafa, percebemos mais ainda o quanto de história a mesma carrega – não só de quem produz as uvas e o vinho, mas daqueles que cultivam essas lindas árvores, responsáveis pela fabricação das rolhas que vedam com tanto esmero as nossas preciosidades.
Quem acompanha o Vila, sabe o quanto sou louca por rolhas! Elas estão presentes na identidade visual do blog, inclusive nas redes sociais. Sem falar que volta e meia dou ideias do que fazer com elas. Além de colecionar e vê-las lindas num pote, podemos, ainda, criar mil e um objetos lindos de artesanato.
Boa semana! Ótimo vinhos! Tim-Tim!
Referências: Wineanorak, Wikipedia.
Republicou isso em Vila Viníferae comentado:
Descubra como são feitas as rolhas dos nossos amados vinhos! Muito interessante!
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Adorei a postagem! Senti que você, assim como eu, não pega muito bem com a screw cap, cada vez mais comum nas prateleiras. Abrir um vinho como se abre um refrigerante tira parte da beleza do ritual e nao carrega toda a história que já vem embutida na fabricação da rolha.
Parabéns!
Tomei a liberdade de indicar a matéria na minha página https://www.facebook.com/sentidosdovinho/
Abraços.
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Christiano, muito obrigada pelo seu comentário. Pois é, o ato de abrir a garrafa envolve todo um ritual. Mas não desvalorizo uma screw cap bem usada em vinhos brancos e rosés, do tipo que devem ser consumidos jovens. Para abrir num dia de calor, na praia ou na piscina, é até prático. Que bacana, vou entrar na sua página e vou curtir. Obrigada por compartilhar. Abraços, Tim-tim!
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