Descubra Quais Uvas Realizam as Melhores Misturas (Assemblages)

A elaboração do vinho é, por si só, uma arte. E, sim, admiro quem põe a mão na massa para criar verdadeiras alquimias com uvas. O resultado todos nós sabemos: caldos tão particulares em suas nuances que se tornam únicos e chegam a receber um nome específico. Sem dúvida, uma combinação especial!

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VAMOS À MAGIA 

Cada variedade de uva presente na mistura do vinho é responsável por adicionar uma determinada característica, que combinada a outras, cria um rótulo perfeitamente arredondado, rico e de suave degustação.

Vinhos de Bordeaux e Champagne, por exemplo, são mundialmente famosos em virtude de suas misturas, que resultam em fermentados excepcionais.

UMA TRADIÇÃO HISTÓRICA

A História desempenha um papel de liderança na criação das melhores misturas do mundo. Tradicionalmente, quando diferentes variedades de uvas cresciam lado a lado na vinha, os vinicultores as colhiam ao mesmo tempo, levando-as juntas para a fermentação. Hoje em dia esse estilo é chamado de “mistura de campo” (o Vinho do Porto ainda é feito desta forma). No entanto, ao longo do tempo, os enólogos perceberam que fermentar cada varietal separadamente poderia resultar em uma mistura mais consistente.

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Sendo assim, os winemakers passaram a fermentar cada tipo de uva em barris separados e combinaram os diferentes vinhos numa cuba chamada “cuvée”. Essas cuvées foram, então, vendidas e rotuladas com as regiões onde as uvas eram cultivadas. É por isso que em países tradicionalmente produtores, como França e Itália, é comum ver vinhos com o nome da cidade, como por exemplo, “Rosso di Montalcino” (Tinto de Montalcino), entre outros.

OS BLENDS MAIS POPULARES

Alguns cortes (misturas) de vinhos se tornaram tão internacionalmente famosos que suas uvas chegaram a ser exportadas para todo mundo para que os blends fossem recriados em outros lugares. Vejamos alguns dos mais conhecidos:

BLEND BORDALÊS

Originário da região francesa de Bordeaux, o corte mais popular de todos utiliza Cabernet Sauvignon ou Merlot como ingrediente base, juntamente com a Cabernet Franc, Malbec, Petit Verdot e (às vezes) Carmenére. Existem muitas variações dessa mistura, dependendo de onde ela é cultivada. Por exemplo, na Toscana (Itália) a Sangiovese é misturada com Cabernet Sauvignon e Merlot para criar o blend dos famosos “Supertoscanos”. Na Argentina, a Malbec é combinada à Cabernet Sauvignon para adicionar complexidade a esta que é mais uma variante desse blend tão famoso. 

BLEND GSM

Esse corte, também conhecido como “Blend de Côtes Du Rhône”, vem do sul da França e utiliza Grenache, Syrah e Mourvèdre como ingredientes base, juntamente com a assemblage de outras uvas regionais, como Cinsault, Carignan, Counoise, Grenache Blanc, entre outras.

BLEND DE CHAMPAGNE

A mistura mais usada em espumantes ao redor do mundo consiste numa combinação de Pinot Noir, Chardonnay e Pinot Meunier (usado para acrescentar corpo). Certas regiões adicionam suas próprias castas autóctones (assim como nas Cavas espanholas) ou incluem diferentes variedades (como a Pinot Bianco, em Franciacorta).

BLEND DE VINHO DO PORTO 

As uvas mais importantes utilizadas no fortificado Vinho do Porto são Touriga Franca, Tinta Roriz (Tempranillo), Touriga Nacional, Tinta Cão e Tinta Barroca. Em Portugal, até hoje esse vinho ainda é elaborado por meio de “mistura de campo” e, devido à incrível diversidade de castas na região, alguns exemplares de Porto têm até 52 espécies únicas misturadas.

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BLENDS EMERGENTES

Com o advento de novas regiões vinícolas, as mesmas passaram a investir em suas próprias misturas. É preciso muita habilidade para desenvolver esses blends, mas em sua maioria, eles envolvem uma mesma ideia – o que cresce junto, vai junto. Vejamos alguns exemplos:

BLEND DE PINOT NOIR (CALIFÓRNIA, EUA)

Para criar um Pinot Noir californiano mais ousado e elegante, às vezes os enólogos costumam adicionar ao blend uma dose de Syrah. E, por conta da legislação (os vinhos precisam conter pelo menos 75% de Pinot Noir para serem considerados varietais únicos) quase sempre isso nem é mencionado no rótulo.

Ainda assim, se você se deparar com um Pinot Noir californiano mais escuro que o normal (sabemos que a Pinot possui a casca fina e costuma resultar em exemplares mais debotados) pode ter certeza que acrescentaram um pouco de Syrah.

BLEND DE CARMENÉRE

A Carmenére é quase como uma irmã da Merlot, porém, mais leve e mais herbácea. Por causa de seu corpo “peso-pena”, alguns enólogos têm sido levados a acrescentar uma pitada de Petit Verdot nas misturas, a fim de dar ao vinho um perfil mais rico e um pouco mais complexo.

VINHO DE CORTE X VARIETAL ÚNICO

A diferença entre os vinhos de corte (blend, assemblage, mistura) e os vinhos elaborados com um único varietal (casta de uva) é comparável ao café de origem única e a mistura de uma casa. Os cafés de origem única apresentam um perfil de sabor muito específico, com notas de degustação definidas, enquanto que as misturas são feitas num estilo bem arredondado, com sabores generalizados. Da mesma forma, se comportam os vinhos.

VINHO VARIETAL ÚNICO: Concentra sabores mais focalizados, nos quais a uva e suas nuances, por diversas vezes, são facilmente identificadas.

VINHO DE CORTE (ASSEMBLAGE): Concentra sabores mais generalizados (por exemplo, “frutas vermelhas”)  e conta com um perfil de nuances mais arredondado, com bom acabamento.


Pois é, enoamigos, quando se trata de vinhos, o aprendizado é realmente constante. Aposto que a próxima vez que você for degustar uma mistura certamente vai se lembrar desse artigo.

Bom domingo! Bons Vinhos e Até a Próxima! Tim-Tim!

*Referência: Wine Folly, Fine Wine Concierge, The Huffington PostVergenoegd Wine Estate

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