Winestyle: A Moda da Taça Tulipa Para Espumantes

Volta e meia os especialistas mudam de opinião no que diz respeito à melhor taça para se degustar um espumante. Já foi a “coupe”, a “flûte” e, agora, ora vejam só… estão afirmando que uma taça no estilo tulipa (linda, na minha opinião!) ou uma simples taça de vinho branco seriam os artefatos ideais para analisar aroma e perlage com maior eficácia.

Desde o ano passado eu estava a fim de testar isso na prática. Procurei para vender em vários lugares e nada de taça tulipa. Até que esse ano meus pais viajaram mais uma vez para o sul e, ao passarem pelas fábricas de cristais em Santa Catarina, se depararam com a minha desejada taça. E trouxeram 4 exemplares para a filhota aqui… Só podia ser coisa de pai e mãe mesmo! rsrs.

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Ontem, enfim, testei a ditacuja e vocês ficarão por dentro das minhas impressões ao final deste artigo.

COMO DESCOBRI A TAÇA TULIPA

Ano passado assisti ao maravilhoso documentário “1 ano em Champagne” e eis que notei que todos os produtores usavam esse estilo de taça (com o bojo mais largo) para degustar suas preciosidades. Na mesma hora pensei, “Se os caras que sacam de alguns dos melhores espumantes do mundo não usam flûte, então, alguma coisa aí tem…”. Pois é, era isso mesmo! A taça no estilo tulipa é muito mais eficaz do que a flûte na degustação.

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Esse é o modelo de tulipa que vi no documentário sobre a região da Champagne. É bem larga, quase uma taça de vinho branco.

UMA TAÇA QUE DIVIDE OPINIÕES 

O nome “tulipa”, claro, se refere ao formato da flor, muito parecido com o da taça, com base estreita e abertura ovalada:

“Ela é suficientemente estreita na base para poder ter uma boa coluna de líquido e poder observar o caminho das borbulhas, suficientemente larga no corpo para deixar o vinho respirar e desenvolver toda a sua complexidade, e ligeiramente fechada na boca para concentrar os aromas enquanto se permite colocar o nariz dentro do copo ao beber”explicou Benoît Gouez, chef de cave da Moët & Chandon, falando sobre o porquê da Maison ter adotado a tulipa como sua taça oficial.

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Apesar de lindas e com um certo ar retrô a coupe está longe de ser o exemplar ideal para se degustar o espumante, visto que as borbulhas praticamente não se manifestam.

Contudo, outro mago da Champagne,  Penord Ricard (da Mumm e Perrier-Jouët) vai mais além, afirmando que a taça perfeita para espumantes seria a mesma adotada para o vinho branco. “Quando um espumante tem complexidade, profundidade e notas de autólise, como nos melhores Cavas e Champagnes, então a melhor opção é usar taças de vinho branco para deixar os aromas se expressarem”, comenta. Ele defende ainda que os espumantes mais simples devem continuar a ser servidos em flûte, já que esse formato mantém o vinho gelado por mais tempo, tornando as bolhas mais bonitas.

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Taça Flûte: dividindo opiniões.

BORBULHAS, AROMAS E SABORES

Entretanto, quando se trata dos fatores mais importantes a serem observados numa taça de espumante, todos concordam que tanto a perlage (pequenas bolhas) quanto o bojo e a abertura são igualmente importantes. Tudo porque as borbulhas levam o frescor, o sabor e os aromas diretamente para o topo da taça. Ou seja, não é só porque são bonitinhas que as bolhinhas são tão valorizadas.

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Tulipa desenvolvida pela Embrapa em parceria com a Cristais Strauss

Tudo isso dá uma leve vantagem para as taças do formato tulipa, que foram, inclusive, adotadas pela Embrapa como as ideais para a degustação do nosso maravilhoso espumante brasileiro. Logo, a instituição, em parceria com a fábrica de cristais Strauss, desenvolveu uma taça no estilo tulipa que deveria não ser tão aberta de modo que prejudicasse a formação das borbulhas, bem como a liberação dos aromas, e nem tão fechada como as atuais tulipas, a fim de permitir a perfeita percepção desses aromas. Outro ponto superimportante foi o volume, que não poderia ser grande, a fim de evitar que o espumante se aqueça, saindo de sua temperatura ideal de consumo. 

MINHAS IMPRESSÕES SOBRE A TAÇA TULIPA

Ontem, finalmente testei a tão falada taça tulipa. As minhas são da fábrica de cristais Bohemia e acredito que se configuram como as da Embrapa, mais abertas na boca que a tulipa tradicional, comportando menos volume de líquido para que o mesmo não esquente.

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Usei para degustar um Prosseco Treviso que ganhei de uma amigona. E, sim, tem MUITA diferença em relação à flûte, sobretudo no que diz respeito aos aromas. Senti muito presentes não só o frescor da perlage como o nariz, carregado de frutas brancas frescas e em compota, com destaque para o abacaxi.

Com relação à perlage (borbulhas) também não deixou a desejar. Sendo assim,  discordo com Penord Ricard sobre a beleza das bolhas. Achei que na tulipa a estética da perlage é exatamente a mesma da flûte. Além de deixar as borbulhas lindas, a base ovalada permite que acompanhemos o trajeto e o tamanho das mesmas.

Amei a experiência!


Então é isso, meus amigos! Pelo menos aqui em casa eu já elegi a minha taça de espumante favorita. Tulipa na cabeça! E vocês, qual preferem? Conta para mim.

Boa semana! Ótimos vinhos! Tim-Tim!

Referências: Revista Adega, Cristais Strauss, Cristais Bohemia, Tânia Bulhões.

 

 

9 comentários

  1. Republicou isso em e comentado:

    A taça tulipa publicada nesse artigo de 2017 já está à venda no site brasileiro da Italesse, que trabalha com cristais sem chumbo e entrega em todo o Brasil. A taça Grand Flute Baloom está custando cerca de 300,00 o conjunto com 6 unidades no site.

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