Até que enfim estou de volta com mais um artigo! Desta vez, cheguei com um assunto bem interessante sobre o qual andei lendo muito ultimamente. Quem me conhece sabe da minha paixão por néctares rosados e do quanto tenho me esforçado para quebrar paradigmas, sobretudo quando se trata daqueles seres preconceituosos, que dizem que “Rosé não é sinônimo de qualidade” ou, simplesmente, “Vinho de Mulherzinha”.
Então, eu sempre ouvi falar de Vinho Rosé e Claret como se fossem dois estilos distintos e isso é a mais pura verdade, principalmente no diz respeito à forma com que ambos são elaborados.
VINHOS DE VERÃO
Sabemos que tanto o rosé quanto o claret atingem seu pico de consumo nas épocas mais quentes. Afinal, não é segredo que o calor faz com que o nosso corpo (e, sobretudo a nossa mente) peça vinhos próprios para serem servidos geladinhos. Nessas horas, um bom branco ou rosé são sempre perfeitos!
Mas não é só o frescor que nos atrai nesse tipo de vinho. Estudos de neuromarketing garantem que a cor da bebida atua como um importante gatilho para o consumo em determinadas épocas do ano (no verão, por exemplo). Assim como a luz e o calor, de certa forma, trazem mais felicidade, as cores vívidas e alegres desses vinhos despertam e ativam regiões do nosso cérebro que nos fazem optar por eles. Sim, em busca da felicidade!
Não bastasse tudo isso, a culinária mais leve dos dias de calor harmoniza superbem com os rosados. Enfim, Saladas e frutos do mar acabam caindo como uma luva em qualquer ocasião.
ROSÉ X CLARET
Quando se trata de rosés e claretes, tanto seu método de produção quanto a forma de comercialização são aspectos que devem ser levados em conta a hora de diferenciá-los.
Portanto, não cabe a mim dizer se um ou outro é melhor. Afinal, são, apenas, diferentes. E nisso o que vale mesmo é a opinião de enólogos, vinhateiros e amantes desse estilo de vinho (tipo eu ou você).
VINHO CLARET
O que é claret?
O Claret é uma especialidade de Bordeaux que vem conquistando popularidade. Trata-se de uma homenagem ao vinho que era exportado ao Reino Unido na Idade Média e inspirou o termo em inglês claret, usado para descrever um bordeaux tinto.
Possui mais personalidade e vigor que um vinho rosé. Porém, é menos tânico que um tinto. Sua coloração costuma ser rosa-escuro ou vermelho-claro, com tons de cereja. Frutado e fácil de beber, é ideal para ser apreciado como aperitivo ou entrada com grelhados.
A casta preferida para a sua elaboração é a Merlot, mas podem ser usadas, ainda, Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon. As cascas das uvas são maceradas com o mosto por até dois dias, em vez das 4 ou 5 horas usadas num rosé. Vale destacar que, de vez em quando, o vinho é ligeiramente envelhecido em barricas. Vai bem se for consumido gelado no ano seguinte à safra.
* As legislações atuais proíbem a antiga prática de misturar vinho tinto com branco para obter o clarete. Portanto, o mesmo acaba sendo produzido por meio de uma maceração mais longa.
VINHO ROSÉ
O termo rosa vem do francês “roseé” muito popular em Provence, uma região da França conhecida como uma das maiores produtoras do mundo em se tratando de rosados.
No geral, o vinho rosé é um meio termo entre um tinto e um branco. São vinhos jovens, sem potencial de guarda. As cascas das uvas tintas utilizadas costumam ficar bem pouco tempo em contato com o mosto (tudo depende da estratégia do enólogo). O resultado é um vinho de cor rosa-claro, parecido com salmão ou casca de cebola, em que predominam os aromas de flores brancas, pêssegos, entre outros. Em boca possuem um ponto de acidez muito agradável, sendo, assim, frescos e superfáceis de beber.
MÉTODOS DE PRODUÇÃO
Rosés e claretes podem ser produzidos de diversas formas. Ou seja, não existe um único método ou uma receita única. Tudo vai depender da estratégia do enólogo e do que se pretende em relação ao vinho.
Maceração curta
Chamamos maceração todo o período em que as cascas das uvas permanece em contato com o mosto (suco). Esta define bem o que é um vinho rosé: um meio termo entre um vinho tinto (que passa por longa maceração, de dias ou semanas) e um vinho branco (no qual o contato das cascas com o mosto é mínimo e dura o exato tempo da prensagem). Os vinhos rosés produzidos por esse método costumam ter tempo de maceração entre 6 e 24 horas.
Compressão direta
Aqui, as uvas tintas são vinficadas da mesma forma que as uvas brancas, sendo prensadas assim que chegam à vinícola. Logo, o contato das cascas com o mosto é mínimo, assim como na produção de um vinho branco.
Sangria
Muito usada na Califórnia (EUA). O vinho rosé produzido por esse método é, na verdade, um subproduto da produção de vinho tinto. Durante a fermentação de um vinho tinto, pode-se drenar cerca de 10% do suco, de maneira a produzir um tinto com aromas e sabores mais concentrados. O líquido desta drenagem, ou sangria, é então fermentado, produzindo rosé. Os vinhos produzidos com o método de sangria costumam ser rosés tipicamente mais escuros e mais alcoólicos (ou seja, praticamente um clarete, entenderam?).
Corte de vinho
Nesse processo, misturam-se vinho tinto e vinho branco já vinificado, após a fermentação. Ao contrário do que é dito e repetido, o Champagne rosé não é produzido por esse método, e, sim, pela maceração curta (num limite de até 72 horas).
Mistura de uvas
Cada vez menos utilizado, esse método consiste na mistura de uvas brancas e tintas, antes da fermentação. É um método de difícil controle e o resultado dos vinhos, nesse caso, costuma ser duvidoso.
HARMONIZAÇÃO
Não importa se o rosé é mais claro, com menos corpo (estilo Provence) ou mais escuro e substancial (como um clarete). Em se tratando de combiná-los com a gastronomia, poucos estilos são tão versáteis.
As harmonizações mais clássicas são com peixes mais gordurosos, como Atum e Salmão, sushi, entre outros pratos à base de frutos do mar. Porém, no caso do clarete, por ser mais intenso em taninos, considero perfeitamente possível combinar esse estilo com carnes pouco gordurosas, indo desde de frango a um belo bife de filé mignon, sem comprometer o resultado.
Nesse artigo AQUI eu dou várias outras sugestões de pratos que harmonizam com os nossos amados rosés.
E, claro, rosé combina com calor e com frio (por que não?). Com jantar formal e eventos descontraídos. Afinal, quando se trata de vinhos, o que vale é soltar a imaginação! Nada de se limitar, Ok?
Então é isso, amigos! Bons vinhos! Ótimas Combinações! Até a próxima! Tim-Tim!
Referências: Revista Adega, The Big Wine Theory, Tintos e Tantos, ABS-RJ