O Décimo Terceiro Apóstolo do Vinho: “Especial de Páscoa”

Contos & Crônicas do Sommelier André Ribeiro episódio de hoje:

O décimo terceiro Apóstolo do vinho:
“Especial de Páscoa”

Naqueles dias onde muitos falavam sobre a vida de um suposto Messias, Jeziel ficara órfão e perdera seus pais, vítimas de ladrões. Já com vinte anos, ele era comerciante de uvas assim como seu pai, vendendo as uvas para produção de vinho. Uma dúvida pairava em sua mente… continuar ou não com o comércio.

Seu primo iria se casar na semana seguinte na Cidade de Canaã. Jeziel estava apático e triste, mas mesmo assim resolveu ir pelos conselhos de familiares, pois o encontro com os primos lhe fariam bem ao coração. Então, partiu em viagem levando dois camelos, o qual um presentearia ao primo. Acompanhado de um servo, após dois dias de viagem chegou à cidade e foi ter com os primos, que o abraçaram e o consolaram, deram um aposento para o seu descanso junto ao seu servo. Comeram, banharam-se e recolheram-se para um merecido descanso.

No dia seguite, assistiu à cerimônia de casamento usando os rituais judaicos e foram para a festa, um grande banquete regado a vinho, músicas, gargalhadas e felicitações.

Jeziel estava alegre até se lembrar de seus pais, sentindo uma grande tristeza retirou–se e ficou sozinho perto das ânforas de vinho em um velho armário na dispensa vazia, onde as lágrimas brotavam dos seu olhos. Foi quando ouviu uma voz firme e formosa que dizia “encham as ânforas com água”. Pela frestas da madeira viu a figura extraordinária de Jesus.

Os empregados da casa encheram as ânforas e então viram com seus olhos que a água se tornara um vinho de altíssima qualidade. Jesus disse “vá e sirva-o ao dono da casa e depois aos convidados.” Ao saírem, ele ouviu de novo a voz amorosa de Jesus: “Jeziel, a tristeza em ti já não faz morada. Seus pais vivem felizes no Reino de meu Pai.” Ele saiu e beijou as mãos do Mestre e disse “senhor, o que queres que eu faça?” e Jesus lhe respondeu “vá, cuide da vinha de vossos pais, promova o sustento dos seus empregados, tratando-os com carinho e com amor. Cada um é recompensado conforme o seu esforço.

Das boas uvas, faça o seu melhor vinho. Com as uvas que teimam a não amadurecer, faça um vinho simples e distribua aos menos afortunados, pois até o menor inseto tem uma função no Reino de meu Pai. Receba os peregrinos que batam a sua porta e saceie a sua fome em meu nome.”

Então Jesus deu um beijo em sua face e partiu.

No outro dia, Jeziel partiu para casa e, ao chegar, colocou em prática as intruções do Mestre. Dentro de alguns anos, era um dos homens mais ricos e generosos daquela região. Seu vinhedo ficava no pé do Monte Hérmon e seus vinhos eram os melhores da Palestina. Era amado por seus servos e recebia muito bem os peregrinos, sempre usando essas palavras: “Sejam bem-vindos em nome de Jesus”.

Após alguns anos da partida do Mestre após o seu martírio no Gólgota (calvário), Jeziel estava a meditar nos fatos ocorridos, estudando as escrituras do evangelho de Marcos, quando um peregrino bateu a sua porta com uma túnica surrada usando um capuz que não dava para ver o seu rosto e disse “tenho fome”. Jeziel chamou dois servos e lhe preparou um belo desejum, ele comeu e conversaram várias coisas sobre o Reino de Deus.

Jeziel se espantou com os conhecimentos daquele homem, despediram-se e o homem partiu. Jeziel ficou olhando ele caminhar ao longe, até que ele parou, tirou o capuz e acenou para ele. Em suas mãos, dava para ver as chagas causadas pelos pregos. Naquele momento, Jeziel caiu de joelhos, aos prantos. Era ele, o Mestre, o Messias estava em sua casa, comeu com ele. Quando Jeziel levantau os olhos, já não se via mais o Mestre.

Jeziel reuniu os seus empregados, fez um grande banquete, serviu o seu melhor vinho e contou a todos a Boa Nova…

“Bem-aventurado os mansos e justos pois eles herdarão a Terra.”*

*Mateus 5:5

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