Ah, o nosso néctar tem diversos segredos e entre eles estão os aromas. Às vezes simples, exóticos, em outras excêntricos. Sem dúvida, são os responsáveis por nos proporcionar momentos memoráveis diante de uma taça de vinho fino e fazem da degustação um verdadeiros evento. E foi pensando nisso que hoje trouxe para vocês alguns dos aromas mais raros e surpreendentes contidos na nossa bebida favorita.
- GASOLINA: até hoje eu adoro um cheirinho de gasolina quando meu marido abastece o carro no posto. É difícil explicar o porquê, mas, no geral, esse odor não é nada atraente para a maioria das pessoas. Porém, este cheiro é perceptível em grande parte dos vinhos Rieslings de alta qualidade, envelhecidos e que figuram nas adegas de alguns dos maiores colecionadores de vinhos.
- FUMAÇA: é comum sentirmos aroma semelhante em alguns exemplares jovens da variedade Syrah. Os compostos de enxofre são inofensivos no vinho, desde que não sejam intensos. Eu não gosto nem um pouquinho.
- TERRA MOLHADA: cheirinho bom, que me remete à infância. Aquele momento do verão, quando a chuva está prestes a chegar. Que coisa boa! As notas de terra molhada estão associadas aos vinhos maduros e encorpados, encontradas com mais facilidade em variedades como Cabernet Sauvignon e Merlot.
- ASPARGOS EM CONSERVA: essas notas verdes são típicas de vinhos brancos elaborados com Sauvignon Blanc. São aromas herbáceos, que evocam aspargos em conserva.
- EUCALIPTO: não é um aroma que se atribua comumente aos vinhos, mas podemos distingui-lo em alguns exemplares de Cabernet Sauvignon. Se é muito intenso, o “cheirinho de sauna” pode ser o responsável pela má qualidade dos fermentados.
- TABACO: é a essência dos vinhos tintos de Bordeaux. É desenvolvido pela combinação da Cabernet Sauvignon com Merlot, Petit Verdot e Cabernet Franc. Corresponde, ainda, aos cheiros advindos da barrica de carvalho na qual o vinho foi envelhecido. O resultado é um cheiro de rapé ou, ainda, de uma caixa de charutos cubanos.
- MANTEIGA: Especialmente detectável nos rótulos de Chardonnay de alta qualidade, este aroma possui uma forte presença de manteiga fresca. Também pode ser encontrado em alguns tintos Tempranillo e Merlot. Ou seja, são odores próprios de vinhos que passaram por fermentação malolática.
- COURO: confesso que adoro aquele cheirinho de bolsa nova. E, sim, é possível detectá-lo em alguns vinhos, sobretudo aqueles com sinais evidentes de evolução em garrafa e que provavelmente passaram por carvalho. Essas notas variam entre o couro selvagem e a pelica. Entre as uvas que podem desenvolver essas notas estão a Monastrell, Tannat, Tempranillo, Syrah etc.
- ROSAS: um dos aromas mais agradáveis do vinho, sendo característico das variedades Gewürztraminer, Moscatel e Nebbiolo.
- CACHORRO MOLHADO: trata-se de um defeito organoléptico surgido em diferentes momentos da vinificação. São odores com conotações animais, que anulam totalmente o frutado de qualquer variedade de vinho.
- XIXI DE GATO: este cheirinho nada agradável é próprio de vinhos de alta qualidade, sobretudo os elaborados com a uva Sauvignon Blanc. Sua expressão é sutil e não prejudica a percepção de outros aromas. No entanto, se considera um defeito se o odor for forte e persistente.
- OVO PODRE: é um dos defeitos mais frequentes, desagradáveis e fáceis de identificar. É um odor originado pelo sulfureto de hidrogênio e mercaptanos. Em certas ocasiões, ajudam na aeração do vinho.
É sempre bom ficar por dentro desses possíveis odores, a fim de que a análise olfativa se torne o mais satisfatória possível. Um dos encantos do vinho é, sem dúvida, a possibilidade de desvendarmos sua personalidade. Obviamente, os aromas fazem parte disso.
Boa semana! Ótimos vinhos! Tim-tim!
Referência: The Big Wine Theory